Escrito por Maria Rosa

Em 8 out, 2023

MOTIVAÇÃO E RAZÃO: UM DELICADO EQUILÍBRIO 2

Gabriel de Siqueira Brito
Como você se motiva para alcançar suas metas pessoais? Como você aposta em si mesmo? Imagine estar de pé à beira de um abismo, contemplando a vastidão da paisagem diante de você. Você se sente impulsionado por um desejo inato de conquistar novos horizontes, mas também reconhece a importância de dar cada passo com cautela… Muitas abordagens prometem nos guiar, desde a astrologia até terapias alternativas. Suas visões podem ser inspiradoras, embora frequentemente possam levar a erros sistemáticos conhecidos como viéses. Como selecionar em que investir para a minha melhoria?
Os viéses são atalhos comportamentais que evoluíram para decisões rápidas em tribos, mas podem não ser adequados na sociedade atual.
VIÉS DE CONFIANÇA Um exemplo de viés é o da confiança, que se manifesta no excesso de confiança em suas próprias habilidades ou na autoridade de um líder. Esse viés costumava promover a certeza e coesão do grupo diante de perigos.
No complexo mundo moderno, esses atalhos mentais podem levar a distorções e erros custosos. De acordo com um estudo da PwC, os viéses inconscientes custam às empresas cerca de 1.7 trilhão de dólares por ano. Por exemplo, o viés de excesso de confiança em uma projeção otimista levou à perda de milhões em empresas como Nokia e Hertz.
Em resumo, considerando o enorme impacto dos viéses, complementar a intuição com a ciência não é apenas recomendável, mas financeiramente indispensável. Em um nível pessoal, também podemos buscar decisões informadas para avançar pelo melhor caminho.
VIÉS DE CONFIRMAÇÃO Um dos viéses mais comuns é o de confirmação, que leva a buscar e interpretar informações que confirmem as crenças prévias, ao mesmo tempo em que se descarta evidência contraditória. Por exemplo, alguém convencido dos benefícios da astrologia pode prestar atenção seletiva apenas a conselhos ou testemunhos que a respaldam.
Imagine que você está tentando aprender onde os patos costumam estar para caçar. Às vezes, você os encontra na posição X. Se ouvir sons naquela área, mesmo que não sejam de patos, é natural querer confirmar se os patos ainda estão lá. Isso economiza tempo em comparação com verificar a cada vez. Você pode se sentir motivado ao pensar ‘aprendi e confirmei a posição dos patos’. No entanto, é importante lembrar que os sons naquela área nem sempre serão de patos. Esse exemplo ilustra como os viéses podem surgir como atalhos mentais para economizar recursos, mas também podem levar a conclusões incorretas.
Com isso em mente, podemos agora explorar um exemplo mais atual. Às vezes, para entender o comportamento amigável de uma pessoa, se vejo que pessoas nascidas no mesmo mês X, qualquer comportamento de outras pessoas do mês X vou usar para confirmar o que aprendi. Assim, não preciso aprender mais sobre isso. Confirmo que esse comportamento é comum em pessoas do mês X, mas ser amigável às vezes não seria exclusivo de pessoas nascidas no mês X.
Em conjunto, esses pontos nos levam a compreender que os viéses podem surgir como uma forma de economizar recursos mentais, mas se não forem analisados, tendem a levar a conclusões incorretas.
VIÉS DE DISPONIBILIDADE Outro exemplo, o viés de disponibilidade, em ambientes primitivos, estar alerta para possíveis ameaças imediatas, como roubos ou predadores próximos, era crucial para a sobrevivência. Portanto, a capacidade de lembrar e dar mais peso a informações recentes e potencialmente relevantes poderia ter proporcionado uma vantagem em termos de sobrevivência e reprodução. Depois de assistir a uma reportagem sobre roubos na televisão, uma pessoa pode superestimar a frequência de roubos em seu bairro porque as informações sobre roubos estão mais prontamente disponíveis em sua mente devido à exposição recente à notícia.
Portanto, entendendo mais sobre probabilidade, uma pessoa pode ver o risco de forma mais realista e se dedicar a outros problemas mais relevantes em sua realidade.
USANDO A ANÁLISE DE VIÉSES PARA ENTENDER OS VIÉSES Para ilustrar com mais intensidade, podemos ver isso em um viés de uma pessoa que está pensando em suicídio. Alguns estudos dizem que evolutivamente os mais velhos poderiam se suicidar para deixar recursos para os mais jovens como um ato altruísta que ajudava a tribo a sobreviver. Mas hoje temos muitos recursos, então esse suposto pensamento altruísta do passado poderia estar viésado de várias maneiras:
1. Viés de confirmação: A pessoa pode estar prestando mais atenção às informações que confirmam a crença de que sua morte seria a melhor para todos, e pode estar descartando ou minimizando informações que contradizem essa crença. A pessoa com ideação suicida pode prestar mais atenção às informações que reforçam a crença de que sua morte beneficiaria os outros.
2. Viés de autoavaliação: A pessoa pode estar avaliando seu próprio valor e contribuição de maneira negativa ou distorcida. A pessoa pode estar avaliando sua própria valia de maneira distorcida, acreditando erroneamente que não tem valor e é um fardo.
3. Viés de disponibilidade: Pode estar lembrando mais facilmente de situações ou momentos em que se sentiu um fardo para os outros, em vez de equilibrar essas lembranças com situações em que foi apreciada ou ajudou os outros. A pessoa pode lembrar mais facilmente de momentos negativos em que se sentiu um fardo, perpetuando a ideação suicida.
4. Viés de atenção seletiva: A pessoa pode estar prestando mais atenção às interpretações negativas de seu comportamento ou impacto nos outros, em vez de reconhecer as interpretações mais positivas ou equilibradas. O indivíduo pode se concentrar apenas em interpretações negativas de seu comportamento
5. Viés de polarização: Essa pessoa pode estar vendo as coisas de forma extrema, acreditando que seu suicídio seria a única solução quando, na verdade, há uma ampla gama de opções e perspectivas intermediárias. A pessoa pode ver o suicídio como a única saída, sem considerar perspectivas intermediárias.
6. Viés de atribuição: Pode estar atribuindo exclusivamente as dificuldades dos outros à sua presença ou existência, quando na realidade existem muitos outros fatores que influenciam a vida das pessoas. Pode acreditar que todos os problemas dos outros se devem à sua presença, quando há múltiplos fatores.
Como podemos estar muito viesados, pode ser importante encontrar alguém dedicado a entender a psicologia e de onde vêm nossos comportamentos, um profissional.
Agora, ao falar sobre ferramentas para combater os vieses, é essencial mencionar uma autoanálise com princípios probabilísticos. Através do entendimento de tendências de comportamento evolutivo, podemos mapear nossas atividades cotidianas e transformá-las em virtudes específicas. Esta ferramenta facilita a autoavaliação contínua, reduzindo os erros sistemáticos e identificando áreas de crescimento pessoal. Ao complementar a intuição com a ciência, proporcionamos uma via prática para melhorar o bem-estar integral.
Como funciona? Por exemplo: eu relaciono meu hábito de comer queijo. Anoto que comer queijo me deixa mais motivado. Mas também anoto que um dia posterior estou com dificuldade para defecar e a passo mal. Se relacionar algumas tenho o quanto o queijo me motiva e o suposto custo. Vale a pena manter o queijo? Agora, imagine esse padrão de análise não apenas na parte nutricional física, mas também intelectual, emocional e social.
Em última análise, compreender e reconhecer os vieses que influenciam nossas decisões cotidianas nos dá o poder de fazer escolhas mais conscientes e fundamentadas. Desde o viés de confirmação até o de disponibilidade, cada um molda nossa perspectiva do mundo. Ao integrar ferramentas como uma análise probabilística, damos um passo crucial em direção ao autodesenvolvimento e à tomada de decisões mais informadas e equilibradas em todos os aspectos da vida.

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